sexta-feira, 6 de março de 2009

"Toda mulher é doida. Impossível não ser. A gente nasce com um dispositivo interno que nos informa desde cedo que, sem amor, a vida não vale a pena ser vivida, e dá-lhe usar nosso poder de sedução para encontrar "the big one", aquele que será inteligente, másculo, se importará com nossos sentimentos e não nos deixará na mão jamais. Uma tarefa que dá para ocupar uma vida, não é mesmo? Mas além disso temos que ser independentes, bonitas, ter filhos e fingir de vez em quando que somos santas, ajuizadas, responsáveis, e que nunca, mas nunca, pensaremos em jogar tudo pro alto e embarcar num navio-pirata comandado pelo Johnny Depp, ou então virar uma cafetina, sei lá, diga aí uma fantasia secreta, sua imaginação deve ser melhor que a minha."
Trecho da crônica Doidas e Santas de Martha Medeiros.

Poeta, romancista, cronista e dona de uma sensibilidade incomum, Martha Medeiros tem para tudo um olhar, uma reflexão e uma reação fresca, nova, de alguém que pela primeira vez se depara com o inesperado, seja qual for o assunto, a decisão de se começar a fumar, um sentimento de desconforto por qualquer coisa, uma paranóia que se intromete dissimuladamente ou um amor que acaba. Sempre terna e indignada, dona de um agradável senso de humor, em suas crônicas Martha torna, para mim com muita aptidão, mais agradável o que é indigno de ponderação na vida.
É por isso que estou devorando suas crônicas.

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